“Estamos vivendo há um ano e meio um luto coletivo que traz muitas implicações e desdobramentos para a nossa rotina, assim como para a nossa sociedade.
Todos nós vivemos ou conhecemos alguém muito próximo que viveu as maiores angústias com essa pandemia.
Não só porque perdemos pessoas que amamos, mas porque mudou drasticamente nossas vidas, e sobretudo porque potencializou aspectos importantes que sempre viveram dentro da gente. O nosso lado mais íntimo, profundo e mais desorganizador – quando experimentamos emoções como raiva, medo, culpa, arrependimentos, desamparo dentre outras.
O contexto é extremamente ameaçador e mobilizador e se caracteriza por 3 aspectos: Mortes em massa / Sobreposição de perdas / Fim do mundo conhecido.
Cenário ainda é muito perturbador embora tenhamos um respiro importante de esperança com a vacinação em massa ainda que de forma lenta.
Falar sobre morte de fato é muito angustiante mas nos afasta de processos de adoecimento. Pensar em perder pessoas que amamos ou pensar na nossa própria morte e deixar pessoas que a gente ama, é algo muito assustador.
Porém, a cada dia se faz mais necessário e imprescindível falarmos sobre os imperativos e ameaças que essa doença nos impôs.
Para que possamos nos afastar dos processos de adoecimentos mentais, é muito importante encontrarmos espaços seguros e afetuosos para ventilar as nossas dores. O copo está cheio, estamos todos sobrecarregados, mas neste momento é importante buscarmos saídas, dentro do que for possível para cada um de nós, de conseguirmos resgatar a confiança e esperança na nossa sociedade, nos próximos meses e no nosso futuro.”
Mariana Clark